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O ano de 1997 foi marcante para o contexto contemporâneo por diversos aspectos. Na ciência, conhecemos a Dolly, primeira clonagem da história, abrindo um dos mais acalorados debates ético-científico até então. Duas figuras mundiais nos deixavam: a Lady Di e a Madre Teresa de Calcutá. No xadrez, o homem era colocado em xeque pela máquina, na polêmica vitória do super computador Deep Blue sobre o genial enxadrista russo Garry Kasparov.
Naquela época, também ocorreu a primeira articulação setorial da avicultura do Brasil para promover as exportações do setor. Ainda sem a expressividade da liderança mundial que hoje destaca o Brasil entre os grandes players mundiais de proteína animal, a então Associação Brasileira dos Exportadores de Frangos (ABEF) consolidava seu primeiro convênio setorial com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) – à época, sob o guarda-chuva do Serviço Brasileiro de Apoio à Pequena e Média Empresa (SEBRAE).
No ano seguinte, ocorreria a primeira ação. O alvo escolhido foi Atlanta, a maior feira da avicultura mundial. Embora tímida – apenas um pequeno estande – a iniciativa seria um marco para um dos setores mais internacionalizados do agro brasileiro. Era criada a marca Brazilian Chicken.
De lá para cá, muita coisa mudou. Em 2003, foi fundada a Apex-Brasil, que passou para a gestão do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em 2004, a crise sanitária global de Influenza Aviária gerou uma oportunidade história à avicultura brasileira – que é livre da enfermidade – e o Brasil assumiu a liderança global no comércio internacional de carne de frango. E, logo após, era fechada uma nova parceria entre a agência de promoção e os exportadores brasileiros de carne de frango.
Uma nova estratégia de ações e promoção comercial foi estabelecida, com a ressignificação e aumento expressivo nos investimentos da marca. Emirados Árabes Unidos, Japão, Rússia, China e muitos outros mercados expressivos entraram no radar das ações. Estandes com grande capacidade, degustações, materiais inovadores e outras ações de expressividade levaram a marca setorial brasileira com novos valores: a qualidade, o status sanitário e a sustentabilidade. O trabalho foi ainda mais impulsionado com a unificação da avicultura e da suinocultura do Brasil, com sinergias proporcionadas a partir da criação da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) em 2014.
A orientação altamente profissionalizada da Apex-Brasil trouxe um novo norte e um novo patamar para o trabalho dos exportadores, com apoio de embaixadas brasileiras ao redor do mundo e da fundamental rede de adidos agrícolas espalhados em 25 países.
E o resultado de tudo isto se vê em números. Apenas em vendas diretas nos eventos foram mais de US$ 1,2 bilhão de dólares em negócios fechados, com mais de 90 mil contatos em mais de 100 grandes ações realizadas. Indiretamente, as ações foram decisivas para o Brasil ter, hoje, quase 40% de participação nas exportações mundiais de carne de frango, e pelo exponencial crescimento das vendas internacionais de carne suína.
Este é um trabalho que não pode parar, ao contrário, precisa de mais investimentos. Assim como para os exportadores da avicultura e da suinocultura, a Apex-Brasil é estratégica para dezenas de outros setores com os quais mantém projetos. Uma consulta simples às entidades de grandes exportadores do agro como a dos pecuaristas, produtores de laranja, de açúcar, entre outros, corrobora com esta necessidade. Enquanto governos de outras nações usam da difamação como ferramenta competitiva, nós precisamos reforçar, de forma transparente, os valores que fazem nossa produção de alta qualidade, competitiva, segura e sustentável. Contra a máquina virtual das fake news que ataca o nosso agro, temos a humanização de nossas mensagens para o mundo como a grande força para promover a Marca Brasil.
*Ricardo Santin é presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
*Isis Sardella é head de Marketing e Promoção Comercial da ABPA.
Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.