Por Marcos Ferraz*
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Agricultura de precisão é uma estratégia de gestão que utiliza um conjunto de ferramentas e tecnologias aplicadas para permitir um sistema de gerenciamento agrícola baseado na variabilidade espacial e temporal da unidade produtiva. Essa estratégia possibilita o uso racional de insumos, ou seja, aplicar a quantidade certa, no local e tempo adequados, de forma a maximizar a produtividade, a qualidade, a rentabilidade e evitar desperdícios, reduzindo impactos ambientais.
O uso de dados e informações tornam o processo decisivo mais preciso e assertivo, quanto mais informação e conhecimento se tem sobre um problema, mais fácil resolvê-lo. A grande evolução dos últimos tempos deve-se à enorme quantidade de dados e informações que somos capazes de gerar, processar e armazenar, e isso faz com que as técnicas relacionadas à agricultura de precisão (que nos ensina como interpretar e utilizar esses dados) tornam-se ainda mais importantes.
Quanto mais acesso tivermos às novas tecnologias – conectividade, sensores, ferramentas de análise – mais oportunidades teremos de tornar a agricultura cada vez mais sustentável e eficiente, gerando benefícios para toda a humanidade.
Apesar da transformação digital do mundo parecer algo recente, o termo “agricultura de precisão” surgiu na década de 1990. No início dos anos 2000, já existiam consultorias especializadas e equipamentos nacionais para a aplicação em doses variáveis de insumos com base em mapas. Em 2004, foi realizado o primeiro Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP). São 16 anos de produção de conteúdo científico sobre essa temática no Brasil.
Desde então, novos negócios surgiram, tanto com o objetivo de fornecer as tecnologias quanto de prestar serviços e consultorias para a sua utilização. A agricultura ganhou um novo tipo de insumo e de profissionais, que na atualidade tornam-se cada vez mais importantes. Com essa nova realidade surge uma demanda por uma estruturação em torno deste novo paradigma, tanto no aspecto científico quanto no de mercado. É necessário que a pesquisa acadêmica explique os reais benefícios destas novas técnicas, que os profissionais sejam capacitados e que a sociedade e os usuários sejam bem informados e incentivados a utilizá-las.
Neste cenário, surge a Associação Brasileira de Agricultura de Precisão (AsBraAP), que tem como objetivo congregar pessoas e instituições para contribuir com o desenvolvimento científico e tecnológico, e divulgar o uso de práticas, técnicas e tecnologias de agricultura de precisão. Unindo pessoas, organizações e empresas dedicadas ao tema.
A associação promove eventos visando difundir boas práticas de agricultura de precisão e valorizar as pessoas e empresas que contribuem para a temática no Brasil, além de atuar em câmaras setoriais e outras entidades, para destacar junto ao governo e à sociedade a importância e os benefícios da agricultura de precisão no Brasil.
Embora estejamos só começando, muitas práticas que eram vistas como novidades há 20 anos, já estão inseridas no cotidiano das fazendas brasileiras, como por exemplo o uso de sistemas GNSS para orientação de máquinas ou o mapeamento da fertilidade do solo para aplicação localizada de fertilizantes e corretivos.
Muitas coisas ainda estão por vir. A facilidade da digitalização de processos e informações fará com que estas técnicas sejam cada vez mais simples e fáceis de serem executadas, aumentando a adoção e permitindo que novas fronteiras sejam exploradas. Todos os processos agrícolas ficarão mais precisos, garantindo menos riscos, menos desperdícios, e maior sustentabilidade, numa era onde todos os envolvidos saem ganhando.
*Marcos Ferraz é presidente da AsBraAP**
**AsBraAP é a Associação Brasileira de Agricultura de Precisão, que foi criada em 2016 com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico, inovação e difusão do uso de práticas, técnicas e tecnologias de Agricultura de Precisão (AP).
Nota: Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.