Agro continua alavancando a economia
29 de maio de 2019
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Enquanto os demais setores aguardam a Reforma da Previdência, a agropecuária desponta atraindo cada vez mais investimentos
“No nosso plano de expansão, escolhemos o Brasil para entrar na América do Sul por ser o maior e o mais importante mercado da região”, diz o alemão Peter-Josef Paffen, vice-presidente da Fendt.A marca alemã já está presente na Europa, nos EUA, na Austrália, na África do Sul e na Ásia, e o Brasil será a base da expansão para a América do Sul. A Fendt prepara sua chegada há três anos e investiu R$ 150 milhões. O aporte foi direcionado às unidades fabris do grupo AGCO em Ibirubá e Santa Rosa, cidades do Rio Grande do Sul, e também à primeira loja da Fendt, situada em Sorriso (MT). “A cidade foi escolhida porque queríamos começar pela BR-163, que nos permite atingir outras regiões do Mato Grosso”, diz José Galli, diretor da Fendt para América do Sul. Nos próximos anos, o plano é criar uma rede de concessionárias exclusiva para a marca no Brasil com área de suporte/manutenção, serviços e treinamentos. “A população mundial está crescendo, e queremos prover tecnologias para aumentar a produtividade e alimentar a todos”, diz Paffen. Durante a Agrishow, a Fendt lançou uma linha de tratores de alta potência, que inicialmente será importada da Alemanha. A marca ainda apresentou uma colheitadeira de grãos e uma plantadeira, que também distribui fertilizantes, que estarão à venda a partir do ano que vem. O último produto é o primeiro projeto da AGCO que se torna global a partir do Brasil. A plantadeira tem como diferencial o fato de dobrar em 1,2 minuto, ficando com 4,3 metros de largura, o que facilita o transporte. Outra empresa que está investindo no setor é a Agres, companhia com 15 anos de estrada, voltada à agricultura digital. Ela anunciou um investimento de R$ 12 milhões, em cinco anos, na ClaudIA, uma inteligência artificial (IA) que vai analisar diversas fontes de dados para o produtor fazer uma pulverização e/ou fertilização mais precisa, com menos gastos e mais eficiência. Num primeiro momento, a ClaudIA será focada na pulverização seletiva. “Trata-se de uma análise de dados para evitar a pulverização no campo de forma homogênea, se apenas 30% da área precisa da aplicação do produto”, diz Ezequiel Kwasnicki, chefe de Tecnologia da Agres. A Agrishow tem atraído marcas de automóveis premium, mercado que movimenta entre 55 mil e 60 mil carros por ano. No ano passado, 61% das vendas do segmento foram de veículos SUV, automóveis muito demandados pelo setor agro depois das picapes. Atenta a essa clientela, a Audi – pelo segundo ano consecutivo – marcou presença na feira com sua linha completa de SUVs. “Também trouxemos um veículo esportivo, o RS4, que tem tração nas quatro rodas e é uma linha superadaptada ao produtor rural”, diz Claudio Rawicz, gerente de Comunicação da Audi. A marca não revelou o número de vendas, mas ressaltou que a comercialização superou a do ano passado. Empresas de aviação executiva também têm marcado presença na Agrishow. A TAM Aviação Executiva (AE) é um exemplo. O agro representa um quarto das vendas da empresa e 40% da comercialização de aeronaves a pistão e turbo-hélices. “Neste período de crise econômica, houve anos em que o agro representou 60% das vendas gerais da companhia”, finaliza Leonardo Fiuza, presidente da TAM AE.