“Lucro é o primeiro passo para a sustentabilidade”
31 de julho de 2017
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Essa é a opinião de Pedro Ronca, gerente no Brasil da Plataforma Global do Café, associação que une a cadeia produtora e tem por objetivo estimular boas práticas econômicas, sociais e ambientais no pequeno cafeicultor brasileiro
“Se o produtor tiver boa produtividade, terá mais chance de ter lucro. Se tiver lucro, poderá cuidar do social e do ambiental, nessa ordem sempre” Pedro Ronca, gerente do Programa brasil da Plataforma Global do CaféQuem são os parceiros da plataforma no Brasil? Temos parceria com cinco serviços de extensão públicos: Emater – MG; Emater – PR; Emater – RO; Incaper, que é o instituto de assistência técnica do Espírito Santo, e a CATI, em São Paulo. Fizemos essas parcerias porque são os que mais trabalham com o pequeno agricultor. O grande cafeicultor já é certificado, tem duas ou três certificações. O médio está indo para esse caminho e tem condições de contratar um agrônomo, uma consultoria. Estamos trabalhando com cooperação porque o desafio de estimular o pequeno a implementar práticas que levam à sustentabilidade é grande. Mas se ele implementar as 18 práticas do currículo, vai estar melhor como produtor e ter mais chance de se manter na atividade no longo prazo. As cooperativas e empresas se deram conta de que não vão conseguir mudar a realidade do campo trabalhando individualmente. Temos parcerias com a ABIC, ABICS, Cecafé, CNA, CNC, com as certificadoras, SENAR e SEBRAE. E como a plataforma trabalha? Capacitamos técnicos no currículo de sustentabilidade do café. Já treinamos 1.400 profissionais ligados a 73 instituições, que trabalham com assistência técnica no campo. Nossa ideia é que o agrônomo, ao visitar um produtor, além da correção do solo, olhe a propriedade como um todo, se tem área de proteção ambiental, como estão as nascentes, se os EPI são usados. Quais seriam os principais gargalos? Na área econômica, eu citaria produtividade e custo de produção. Muitos pequenos produtores têm baixa produtividade e menos de 10% sabem o seu custo de produção. Na área ambiental é a proteção das nascentes e cobertura de solo para evitar erosão. Na área de segurança do trabalho, eu destaco o uso de EPIs, principalmente para os trabalhadores que manipulam agrotóxicos e também o treinamento para aplicação desses produtos. E de onde vêm os recursos da plataforma? Somos uma associação e cada membro paga uma taxa anual para a plataforma desenvolver os trabalhos. O produtor paga x, o trader 2x e a indústria 6x. A indústria paga mais que o trader e mais que o produtor pelo valor agregado. A ideia é deixar os pequenos cafeicultores mais sustentáveis? Exato. O currículo é conteúdo, não é certificação, nem pretende ser. Se o produtor ganha dinheiro, preserva o ambiente, cuida da saúde de quem trabalha com ele, vai ter qualidade de vida e melhorar a qualidade de vida da comunidade, da cidade. É um ganha-ganha. Por isso chamamos de pré-competitivo: as empresas investem juntas e todo mundo ganha.