Fabricantes e redes de concessionárias de máquinas agrícolas investem em telemetria para oferecer aos clientes melhores resultados e mais eficiência
Máquinas de grande porte vem com telemetria de fábrica
Operador acompanha mapa de produtividade pelo monitor
Em uma corrida de Fórmula 1, dos boxes, os engenheiros acompanham cada movimento do piloto como ângulo do volante, aceleração e frenagem. Nenhuma informação fica de fora do alcance desses profissionais graças à telemetria, tecnologia que permite o monitoramento remoto tanto de carros de corrida quanto de máquinas agrícolas. Isso é possível devido a módulos eletrônicos e sensores espalhados pelo maquinário que colhem diversas informações que são enviadas via frequência (rádio, celular ou satélite) para uma central de controle, que transforma estes números e códigos em informações gráficas que podem ser facilmente compreendidas.
A oferta de motores que utilizam esse tipo gerenciamento eletrônico cresceu com a implantação do Proconve Mar-1, um programa de controle de emissão de poluentes. “Com o avanço da eletrônica nos maquinários, hoje há bem mais informações a serem transmitidas”, diz Dener Jaime, coordenador de marketing do produto Fuse da AGCO. As máquinas de grande porte geralmente vêm com telemetria de fábrica. Mas também é possível instalar kits com sensores em máquinas de baixa potência. É o caso da sul-coreana LS Tractor, que, em parceria com a argentina Colven, fornece o sistema de proteção do motor e telemetria. Os tratores acima de 125 cavalos-vapor (cv) vêm com a tecnologia de fábrica, mas o cliente pode colocar como opcional nos outros modelos da marca, que trabalha com tratores de 40 cv a 145 cv.
A ferramenta é composta de três pilares. “A telemetria consiste no cliente, na concessionária e na fábrica saberem, em tempo real, o que acontece com a máquina”, explica Jaime. Esse gerenciamento conjunto evita problemas como, por exemplo, o abuso de velocidade. “Se um plantio foi programado para ser feito a 5 km/h e o operador sobe a velocidade para 7 km/h, por meio da telemetria o proprietário ou o gestor é avisado”, acrescenta.
Conectividade rural
A telemetria é ofertada como ferramenta de controle e gera dois tipos de dados. O primeiro se refere às informações agronômicas como o rendimento da máquina e mapas de colheita, que ajudam o agrônomo na tomada de decisões. Já o segundo são dados sobre o funcionamento do maquinário, como alerta de limite de carga, rotação e velocidade do motor. O acompanhamento desses aspectos permite planejar o momento ideal de parar a frota para a manutenção. De forma geral, estes serviços são oferecidos pelos fabricantes por intermédio das concessionárias que possuem diversos planos de assistência e equipes dedicadas a monitorar o maquinário do cliente. O mais completo acompanha a operação, identifica quando a máquina não está funcionando como deveria e alerta o cliente sobre a necessidade de manutenção para evitar um problema maior no futuro.
Isso aumenta a disponibilidade do maquinário, uma vez que corrige falhas antes que elas se tornem um problema maior que exija parar a máquina para o conserto. E tempo faz toda a diferença para o produtor. “Para cada dia que o produtor antecipa o plantio da safrinha de milho, ele ganha uma saca por hectare”, aponta Maurício Menezes, gerente de marketing da John Deere.
No entanto, há um problema: o uso da telemetria esbarra na falta de conectividade no campo. Só para se ter uma ideia, no Rio Grande do Sul, 41% das fazendas têm acesso à internet restrito à sede. Essa realidade levou a empresa a lançar na Agrishow deste ano a conectividade rural, uma ferramenta que estende a internet por toda propriedade, permitindo a transmissão de dados em tempo real. “O sistema cria uma cobertura em toda a área do cliente. É como se tivesse uma grande rede wi-fi na propriedade. Além da máquina fazer o uso da internet, ela se torna um hub para outras aplicações, como para conectar o tablete ou o celular”, informa Menezes.