Caminhões para o campo

31 de outubro de 2017 4 mins. de leitura
Montadoras investem em novas tecnologias para atender diversos segmentos do agronegócio brasileiro
21ª Fenatran: Uma das novidades do evento foi a apresentação do caminhão autônomo da sueca Volvo
O setor de caminhões passa por uma de suas piores crises nos últimos anos. O mercado do segmento, que já comercializou 150 mil unidades por ano no Brasil, estima vender 40 mil. A demanda por novos veículos tem sido puxada pelo campo. Não por acaso, os caminhões voltados ao agronegócio foram o destaque das montadoras na última Fenatran – 21º Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Carga, que aconteceu na segunda quinzena de outubro. A sueca Volvo aproveitou o evento para apresentar o VM Autonomous, um caminhão com serviço de automação voltado ao setor sucroalcooleiro. Desenvolvido na unidade de Curitiba, o VM Autonomous é um caminhão projetado para trabalhar na lavoura recolhendo a cana-de-açúcar extraída pela colhedora. O veículo utiliza antenas de GPS e RTK (Real Time Kinematic) trazidos das máquinas de construção. Além disso, vem equipado com o VDS (Volvo Dynamic Steering), o revolucionário sistema de esterçamento da marca. A partir de informações de georreferenciamento da fazenda, o VM Autonomous segue o traçado que evita o pisoteamento dos tocos de cana-de-açúcar já plantados. Segundo Roberson Oliveira, gerente do Projeto Veículo Autônomo, o principal objetivo é melhorar a produtividade. “Nos estudos que fizemos, quando o motorista conduz manualmente, a precisão é na casa de 30 cm. Já no autônomo é na casa de 2,5 cm, se o motorista mantiver a velocidade estipulada, que é de 8 km/h”, diz Oliveira. Essa maior exatidão se traduz em lucratividade. “O principal ganho é evitar o pisoteio, que causa perdas em torno de 12%. Em um cliente que testou o veículo, chegamos ao seguinte número: ele teria R$ 5,6 milhões de ganho, se todos os caminhões fossem autônomos”, diz o gerente. O VM Autonomous está no nível dois de autonomia, pois depende do motorista para ser levado ao campo e também para ser conduzido à área de transbordo depois de carregado. Outra empresa que investiu no setor foi a holandesa DAF. Ela fez a estreia no segmento off-road no mercado nacional com dois modelos (CF85 e XF105) desenvolvidos no Brasil para estradas não pavimentadas e uso nas indústrias de cana e de madeira. Os caminhões têm três opções de cabine, motor PACCAR de seis cilindros e 12,9 litros, que entrega potência de 460 cavalos (cv) e 520 cv. Os veículos são equipados com o câmbio ZF ASTronic automatizado, de 16 marchas, para uso severo. Os modelos possuem seletores chamados de dual drive, que permitem alterar o comportamento do caminhão em condições on-road e off-road. A empresa testou seus caminhões em companhias como Cargill, Biosev e Klabin. “Estamos entrando em um segmento com grande potencial comercial e nivelado pela qualidade e pelo baixo custo operacional. Os novos CF85 e XF105 superaram a expectativa dos nossos clientes durante os testes, com excelente performance, agregando alto torque e consumo de combustível abaixo da média”, afirma Luis Gambim, diretor comercial da DAF Caminhões Brasil. De acordo com os dados colhidos pela DAF durante os testes, seus caminhões alcançaram uma média de consumo de combustível 4% melhor, em comparação com outras marcas. Outra novidade para o setor sucroalcooleiro foi a aprovação da resolução nº 633 em abril deste ano pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A norma regula a concessão de Autorização Especial de Trânsito (AET) para a circulação da carreta Super Rodotrem de 11 eixos e 91 toneladas. Entre outras exigências, o percurso não pode ser superior a 100 km, e a composição não pode ultrapassar 60 km/h. A resolução também obriga os transportadores a usar caminhões com motores de potência superior a 519 cv, por isso a DAF homologou o modelo de 520 cv. Já a Scania preparou o Super Rodotrem R620 6×4, equipado com motor V8 16 litros, que confere um bom desempenho em topografias irregulares e força para tracionar alta carga. Conta também com câmbio de 14 marchas, que permite adaptação para condições on-road e off-road, sendo duas super-reduzidas e freio auxiliar Scania Retarder, sistema hidráulico acoplado ao câmbio que auxilia na frenagem, sem necessidade do uso do pedal de freio.

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