Supersafra impulsiona PIB da agropecuária
18 de dezembro de 2017
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Indicador deve fechar o ano na casa de 11% devido às condições climáticas, que renderam ao País a maior safra de grãos de sua história, 232 milhões de toneladas 2017 foi um ano de extremos para o agronegócio nacional. Na parte de grãos, o ciclo foi excepcional, o clima ajudou, e os produtores colheram uma safra […]
Indicador deve fechar o ano na casa de 11% devido às condições climáticas, que renderam ao País a maior safra de grãos de sua história, 232 milhões de toneladas
2017 foi um ano de extremos para o agronegócio nacional. Na parte de grãos, o ciclo foi excepcional, o clima ajudou, e os produtores colheram uma safra recorde de 232 milhões de toneladas – 21 milhões a mais do que o estimado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no final de 2016. O incremento contribuiu para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o indicador deve fechar o ano com crescimento entre 9% e 11%. Por outro lado, a credibilidade do setor fora do País foi atingida em cheio pela desastrosa Operação Carne Fraca, que divulgou problemas pontuais de adulteração de carne como se fossem uma prática comum em todo o Brasil. Mas o Governo Federal agiu com rapidez, e o País deve fechar o ano com aumento no volume e no faturamento das exportações de carne. Para o próximo ano, as projeções da CNA são de condições climáticas não tão favoráveis como em 2017, o que deve reduzir a safra de grãos e também o PIB agropecuário, estimado em 5%. A seguir, o comportamento dos principais produtos da balança comercial do setor ao longo de 2017 e as perspectivas para 2018.![](http://especiais.estadao.com.br/canal-agro/wp-content/uploads/2017/12/Captura-de-Tela-2018-09-04-às-09.11.36.png)
CARNES
2017 foi um ano para lá de complicado para o segmento de carnes bovinas. Já se esperava certa desvalorização da arroba do boi, porque os preços atraentes – vigentes de 2014 a 2016 – estimularam a produção, e o aumento da oferta derrubou os preços. “Em ciclos anteriores, os produtores retiveram muitas fêmeas; elas produziram bezerros, garrotes, que começaram a aparecer no mercado em 2017”, diz o engenheiro agrônomo Alcides Torres, analista da Scot Consultoria. No entanto, a inflexão dos preços foi maior do que a esperada em função de episódios como Operação Carne Fraca; volta do Funrural (imposto de contribuição previdenciária, incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural); delações dos irmãos Batista, da JBS; suspenção dos abates de gado no Mato Grosso do Sul pela JBS, que alegou insegurança jurídica no Estado; volta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre a carne em São Paulo; crises política e econômica. “Isso gerou uma crise desconfiança; podemos resumir 2017 como pecuária sob ataque”, diz Torres. No início do ano, a arroba do boi gordo em São Paulo estava perto de 155 reais, no auge da crise chegou a 122 reais e agora está na faixa de 143 reais. A queda levou o pecuarista a segurar os animais na expectativa de uma valorização. Mas o preço continuou caindo, e muitos produtores tiveram que vender bois num valor baixo, o que resultou em prejuízo. “Isso fez parar os investimentos, o mercado inteiro foi travando, e houve queda no preço dos animais de reposição, porque o produtor com menos dinheiro repôs menos, o que afetou os confinamentos”, explica o analista. No início do ano, a Associação Nacional de Pecuária Intensiva (Assocon) divulgou uma previsão de crescimento de 10% nos confinamentos de gado no País, que chegariam a 4 milhões de cabeças. Mas os números foram revistos, e 2017 deve fechar com 3,3 milhões de animais confinados. Apesar dos diversos ataques, a pecuária vai fechar o ano com aumento no volume e no faturamento da carne bovina exportada. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), de janeiro a outubro, as remessas ao exterior ultrapassaram 1,2 milhão de toneladas, alta de 5% em relação ao mesmo período de 2016. O faturamento até outubro foi de 4,9 bilhões de dólares, 10% a mais que o ciclo anterior. As exportações representam cerca de 20% da carne produzida, 80% é consumida pelos brasileiros. “Para 2018, a expectativa é de um mercado interno estável: nem de queda, nem de alta”, diz Torres. A carne de frango também foi afetada pela crise gerada pela Operação Carne Fraca. Mas o setor não sofreu tanto impacto, porque os focos de influenza aviária nos grandes produtores mundiais de frango abriram as portas para o produto nacional. “Houve um notável crescimento do preço médio das exportações no primeiro semestre, com índices próximos de 14%. A partir do segundo semestre, houve certa estabilização, mas devemos fechar o ano com um preço médio até 7% superior ao de 2016”, diz Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). As remessas ao exterior respondem por 34% da produção nacional de frangos. Nesse mercado, o destaque ficou para a África do Sul, que aumentou em 50% o volume de compras em função da influenza aviária registrada em seu território. No Brasil, as vendas de carne de frango – a mais consumida no País – se mantiveram estáveis. “O consumo per capita deve finalizar o ano em patamares pouco superiores aos 41 quilos capita consolidados em 2016”, diz Turra.![](http://especiais.estadao.com.br/canal-agro/wp-content/uploads/2018/07/DEZEMBRO_mat_capa2.jpg)