Segundo Carlos Fávaro, que se reuniu com Fernando Haddad para discutir a situação do campo, banco de fomento deve fazer anúncio na sexta-feira
Por Isadora Duarte e Sheyla Santos
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse nesta terça-feira, 30, que o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai ampliar recursos para o agronegócio. “O BNDES está preparando anúncios. No dia 2, deverá ter algum anúncio. Medidas estruturantes virão depois do levantamento da equipe econômica de endividamento do setor e custos”, disse Fávaro, após reunião com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Segundo o ministro da Agricultura, o BNDES também será chamado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir a crise enfrentada pelo agro.
Fávaro se reunirá com o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, na próxima sexta-feira, 2, no Rio de Janeiro. Conforme informado pelo Estadão/Broadcast, há expectativa de que o BNDES anuncie um novo aporte de R$ 4 bilhões para financiamento de investimentos agropecuários dentro da linha BNDES Crédito Rural, com custo fixo em dólares americanos (TFBD).
O banco de fomento também deve criar uma linha dolarizada para custeio agropecuário, com recursos voltados diretamente a produtores afetados pela quebra de safra ou a revendas, para refinanciarem o custeio.
O ministro disse ter apresentado a Haddad um cenário do agronegócio, que, segundo ele, vive um momento de endividamento, preços achatados e safra menor. Ele ainda destacou que a perspectiva do setor para este ano é de perda em algumas regiões, especialmente na área do Matopiba, que compreende os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Segundo Fávaro, a equipe econômica se comprometeu a fazer uma análise profunda dos dados do setor logo depois que um diagnóstico sobre o agronegócio for apresentado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A ideia, segundo Fávaro, é evitar que possa vir uma crise, com aumento de judicializações, recuperações judiciais e inadimplência.
Preço da soja
Favaro disse também que elevar o preço mínimo da soja seria um contrassenso à queda do custo de produção. “O preço mínimo é baseado no custo de produção. O custo de produção vem caindo, não na velocidade necessária, mas já vem caindo. Falar em subir preço mínimo é contrassenso, porque esperamos que o custo venha menor ainda”, disse o ministro. O ministro lembrou que o custo de produção das commodities não acompanhou a queda acentuada dos preços dos grãos e alimentos.
Uma eventual elevação do preço mínimo da soja vem sendo pedida por entidades do setor produtivo a fim de impulsionar as cotações da oleaginosa no mercado interno. A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil apresentará a demanda nesta semana ao Ministério. Na última sexta-feira, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) reforçou o pleito em ofício ao governo.
Fávaro descartou a realização de medidas de apoio à comercialização da soja neste momento, já que o preço de mercado da oleaginosa segue acima do preço mínimo estabelecido para a safra. “No Brasil, ocorreram somente duas vezes apoio à comercialização de soja. Precisamos aguardar ainda para saber se será necessário ou não. Por ora, ainda está acima do preço mínimo”, afirmou o ministro.