No caminho da sustentabilidade

31 de julho de 2017 5 mins. de leitura
Nova legislação exige que máquinas agrícolas tenham motores com menor emissão de poluentes, o que traz vantagens técnicas, além das ambientais
Máquinas agrícolas com mais de 101cv precisam seguir as regras do Programa de Controle da Poluição do Ar
Desde 1º de janeiro de 2017, todas as máquinas agrícolas com potência superior a 75kW (101cv) até 560kw (761cv) seguem ao Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automo­tores para Máquinas Agrícolas e Rodoviá­rias (PROCONVE MAR-1), que estabelece novos índices de emissões de poluentes. “Ele se dividiu em duas etapas, a segunda fase entra em vigor em 2019, ano em que 100% das máquinas produzidas no Brasil deverão estar dentro da norma”, diz Ana Helena Correa de Andrade, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). O Brasil é pioneiro na América Latina na aplicação deste tipo de legislação. O MAR- 1 traz índices de emissões semelhantes ao TIER 3, programa de prevenção de poluição adotado no continente europeu. “Europa, Japão e EUA atualmente utilizam motores ‘Tier 4 Final’, e estão caminhando para o ‘Tier 5’ em 2019”, diz Ricardo Huhtala, di­retor da AGCO Power, marca de motor do grupo AGCO. “Os nossos motores são uti­lizados como base para tecnologias mais aprimoradas nesses países, já que estão dois estágios na nossa frente”, acrescenta. Para atender à norma, as montadoras investiram em seus centros de desenvol­vimento no País. A AGCO Power, que tem fábrica em Mogi das Cruzes-SP, aportou R$35 milhões em um laboratório de con­trole de emissões. “Com a instalação, ga­nhamos em qualidade, em prazo e custos por poder testar e avaliar os motores ‘em casa’ logo após sua produção”, diz o dire­tor. A FPT, empresa do grupo CNHi, usou o pessoal de engenharia do centro de de­senvolvimento de Betim-MG para aprimo­rar as tecnologias dos novos motores. O MAR-1 define índices de redução de gases poluentes como monóxido de car­bono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado (MP). Estes produtos da queima de com­bustível são danosos ao meio ambiente e ao ser humano podendo causar proble­mas respiratórios como irritação das mu­cosas, asma, bronquite, enfisemas, entre outros. As montadoras utilizaram duas tecnologias para contemplar a legislação: o sistema EGR (Exhaust Gas Recirculation), e o SCR (Selective Catalityc Reduction). No EGR, ocorre recirculação dos ga­ses para dentro do motor com objetivo de reduzir a temperatura da câmara de combustão. “O oxigênio é o grande vilão, pois quando levado a altas temperaturas permite a formação de óxido de nitrogê­nio (NOx)”, explica Gustavo Teixeira, espe­cialista da FPT em homologações. “Os ga­ses resultantes da queima do combustível são introduzidos na câmara para reduzir a produção de NOx”, acrescenta. É uma tecnologia extremamente simples – assim que o motor é ligado, ela passa a funcio­nar – e pode ser aplicada em sistema de injeção eletrônica. Já no SCR, o controle das emissões é feito no escapamento da máquina com a utilização do reagente químico ArlaA 32, composto por água des mineralizada e 32% de ureia. O gerenciamento eletrôni­co dá mais eficiência ao motor, que traba­lha com temperatura mais alta na câma­ra de combustão, tornando a queima de combustível mais completa e reduzindo a produção de material particulado. Após a combustão, os gases resultantes seguem para o catalisador, onde um sensor mede o nível do NOx. Se estiver acima do permi­tido, uma bomba é acionada e injeta o Arla 32 neutralizando os poluentes por reação química. Tudo funciona automaticamente sem a interferência do operador, que só precisa ficar atento para abastecer o tan­que do Arla, diferenciado do recipiente do diesel pela cor azul. Também é importan­te abastecer a máquina apenas com diesel S500, que contém menos enxofre. Além das vantagens ambientais, a nova legislação traz vantagens técnicas às máqui­nas. Os equipamentos, que passaram a uti­lizar sistemas de injeção eletrônica, propor­cionam o uso de tecnologias de diagnóstico de falhas e controle de manutenção. Tam­bém houve melhora de potência e torque. Segundo o especialista da FPT, as máquinas da marca tiveram um aumento médio de 7% em potência e 14% em torque. Quanto ao meio ambiente, seis máqui­nas que obedecem ao MAR-1 emitem o mesmo nível de poluentes que uma máquina sem a tecnologia. “A redução da emissão de poluentes pode chegar a 90%. No caso do óxido de nitrogênio (NOx), a dedução é de 75% e, em mate­rial particulado, 85%”, finaliza o executivo da AGCO Power.  

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