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O potencial das castanhas e nozes no Brasil

As exportações do segmento estão na casa dos US$ 134 milhões por ano, ainda são pouco representativas, mas o crescimento do consumo no mundo pode alavancar as vendas do setor

4 minutos de leitura

30/01/2019

Entre as oito castanhas e nozes mais consumidas no mundo, quatro delas estão presentes no Brasil. A castanha-de-caju e a castanha-do-pará – internacionalmente conhecida como Brazil nut ou Amazon nut se encaixam na categoria “nativa” e são frutos do extrativismo.

Já a noz-pecã e a macadâmia são “exóticas”: foram introduzidas no País e são cultivadas comercialmente. No ano passado, as exportações do segmento somaram US$ 134 milhões, uma cifra pouco representativa perto dos outros produtos da balança comercial do agronegócio brasileiro, mas um setor extremamente promissor.

“Há dez anos, o Brasil exportou US$ 229 milhões do conjunto de nozes, e o Chile, US$ 96 milhões. No ano passado, os chilenos exportaram US$ 586 milhões, multiplicando as vendas por seis”, diz José Eduardo Mendes Camargo, diretor da Divisão de Nozes e Castanhas do Departamento de Agronegócios (Deagro) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“Se o Brasil tivesse multiplicado por seis os US$ 229 milhões, teríamos exportado US$ 1,3 bilhão de nozes e castanhas, o que colocaria o segmento como o 15º produto da pauta de exportação nacional”, acrescenta o diretor, trazendo números do levantamento do Deagro.

O diagnóstico motivou, no final do ano passado, a criação da Associação Brasileira de Nozes e Castanhas (ABNC), que reúne o pessoal da castanha-do-pará, do Amazonas, Pará e Acre; da noz-macadâmia, do Sudeste; e da noz-pecã, do Rio Grande do Sul.

“Também convidamos o pessoal da castanha-de-baru, do Cerrado, e da castanha-de-caju, do Nordeste. Queremos trabalhar juntos na pesquisa, na produção, na promoção, na comercialização e no consumo”, diz Camargo, que é proprietário da QueenNut, uma das pioneiras da produção de macadâmia no Brasil, que processou 1.450 toneladas no ano passado.

Opção de diversificação

De acordo com o International Nut Council (INC), o consumo de castanhas e nozes no mundo tem crescido 6% ao ano e, na última década, o preço em dólar teve uma valorização de 400%. “Na Califórnia, elas são o primeiro produto de exportação agrícola, mais do que a uva e o vinho. Há dois anos, eles exportaram US$ 7,1 bilhões em amêndoa, noz e pistache produzidos em 560 mil hectares, o equivalente a 10% da área de cana-de-açúcar do estado de São Paulo”, diz Camargo.

No Brasil, o cultivo de castanhas e nozes é apontado como uma excelente opção de diversificação da lavoura, inclusive em terrenos íngremes. Por um lado, trata-se de um investimento de longo prazo, porque as árvores levam – em média – quatro anos para começar a produzir. Por outro, é uma cultura com rentabilidade por hectare acima da média. As processadoras de macadâmia costumam pagar R$ 9,50 o quilo da noz com casca, o que rende entre R$ 40 mil e R$ 50 mil por hectare ao produtor.

Não existe um diagnóstico preciso da área plantada de castanhas e nozes no Brasil, mesmo porque boa parte é fruto do extrativismo. Mas, no caso das nozes-pecã, os dados do IBGE apontam 3.500 hectares de nogueiras, sendo 60% deles no Rio Grande do Sul. A Pecanita iniciou o cultivo no estado nos anos 1960, e hoje conta com uma área plantada de 700 hectares.

“Processamos anualmente cerca de 1.000 toneladas; parte é produção própria, e entre 30% e 40% compramos de produtores parceiros”, diz Clailton Wallauer, diretor da Pecanita.

A relevância da cultura para o Rio Grande do Sul levou o governo a lançar, em 2017, o Programa Estadual de Desenvolvimento da Pecanicultura (Pró-Pecã). O objetivo é cadastrar os produtores (cerca de mil), organizar a cadeia e elaborar um planejamento estratégico para os próximos 15 anos. Hoje, a maior parte das vendas é para o mercado interno.

“O Brasil consome toda a pecã produzida e é um dos principais importadores de noz chilena, a walnut, que é muito parecida com a pecã”, diz Edson Ortiz, diretor da Divinut, empresa que produz mudas da nogueira-pecã, além de processar a noz. Em termos de faturamento por hectare, os números são próximos da macadâmia. “Em média, o produtor tem uma produtividade de 4 toneladas por hectare e recebe R$ 12 pelo quilo da noz com casca, o que dá uma receita bruta de R$ 50 mil”, finaliza Ortiz.

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