Campo contará com mais bancos para se financiar

28 de julho de 2021 4 mins. de leitura
Montante disponível para o agronegócio no ciclo 2021/2022 está maior e novas instituições financeiras entraram com recursos a juros livres e subsidiados

>>> Roberto Nunes Filho

O produtor rural contará com um volume maior de recursos para financiar suas atividades na safra 2021/22, que se iniciou em 1º de julho, e inclusive terá à disposição mais instituições financeiras atuando no crédito rural – 12 no total. No Plano Safra 2021/22, foram alocados R$ 251,2 bilhões em crédito, 6,3% mais ante 2020/2021, com linhas para pequenos, médios e grandes produtores. Além de Banco do Brasil, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Bancoob, Sicredi, Cresol, BRDE e Banrisul, que já operavam esses recursos, mais cinco bancos entraram na lista: Caixa, Bradesco, Banco do Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Credicoamo e CNH. Considerando apenas os cinco bancos que se juntaram a essa empreitada, o aporte do grupo estreante soma R$ 7,8 bilhões.

A entrada dos novos financiadores tornou-se possível graças à Lei 13.986, a chamada Lei do Agro, sancionada em abril de 2020, que liberou o acesso de bancos privados e estaduais ao mercado, antes restrito a instituições públicas e cooperativas de crédito, a fim de estimular a concorrência entre os agentes. 

A maior parte dos recursos que têm juros subsidiados pelo Tesouro Nacional será utilizada pelo Banco do Brasil, com R$ 43 bilhões, ou quase metade do total. Na sequência, estão o BNDES, com R$ 16,8 bilhões, o Sicredi, com R$ 13,5 bilhões, a Caixa (R$ 7,3 bilhões), o Sicoob (R$ 4,9 bilhões) e o Banrisul, com R$ 1,19 bilhão. Outras seis instituições que atuarão na operação com juros subsidiados terão limite menor em mãos. O Cresol terá R$ 775,9 milhões e o CNH Industrial operará R$ 236,2 milhões. Estão na lista também BRDE (R$ 141,7 milhões), Bradesco (R$ 131,7 milhões), CrediCoamo (R$ 76,7 milhões) e BDMG (R$ 22,8 milhões). 

A gerente comercial do CNH, Fernanda Baltazar, comenta que a entrada no crédito rural subsidiado visa ampliar o incentivo do banco ao produtor rural, de modo a destinar volume maior de recursos a uma condição mais vantajosa. Neste ano-safra, o CNH Industrial dividirá seu aporte equalizado entre as linhas Moderfrota, Pronaf e Pronamp, para financiamento de máquinas agrícolas, agricultor familiar e médio produtor, respectivamente. 

Outra instituição interessada em conceder crédito ao setor agropecuário é o Sicredi, que reservou R$ 38,2 bilhões para os produtores, valor 31% maior em relação ao da safra passada. Segundo o diretor executivo de crédito, Gustavo Freitas, há previsão de 290 mil operações com esse montante, dividido em R$ 21,5 bilhões para custeio e R$ 12,1 bilhões para investimentos, além de R$ 1,6 bilhão para comercialização e industrialização. Além disso, R$ 7,9 bilhões serão concedidos via Pronaf, volume 28% maior do que o verificado no ano-safra passado, e de R$ 6,6 bilhões via Pronamp (linhas para o médio produtor), alta de 29%. 

“A Caixa veio para disputar o protagonismono agronegócio” Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal.
“A Caixa veio para disputar o protagonismono agronegócio” Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal.

A Caixa Econômica Federal terá, pela primeira vez, recursos para o Plano Safra, ofertando R$ 35 bilhões. Esse aporte se divide em R$ 7 bilhões em recursos equalizados pelo governo federal e mais R$ 28 bilhões em recursos da própria Caixa. De acordo com o presidente da instituição, Pedro Guimarães, os recursos serão destinados ao custeio de despesas do ciclo de atividades e culturas como café, soja, milho, trigo, cana-de-açúcar, arroz, gado, fruticultura e piscicultura, além da destinação para linhas de investimento para a construção de silos e armazéns, aquisição de máquinas e equipamentos e implantação de projetos de irrigação e agricultura de baixo carbono. 

A estreia no Plano Safra decreta o engajamento da Caixa em se tornar uma das grandes potências do agronegócio brasileiro. As pretensões são ousadas, visto que o executivo almeja colocar o banco na posição de liderança em dois anos, superando o Banco do Brasil. Em recente evento virtual, Guimarães lembrou que o banco tinha apenas “R$ 2,5 bilhões emprestados ao setor” quando o governo começou e agora almeja alcançar R$ 35 bilhões nos próximos 12 meses. “A Caixa veio para disputar o protagonismo no agronegócio”, garantiu.

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