Novo governo deverá priorizar temas de inovação e tecnologia

30 de janeiro de 2019 4 mins. de leitura
Essa é a expectativa de Marcio Albuquerque, presidente da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão (CBAP), órgão consultivo do Ministério da Agricultura
Marcio Albuquerque, presidente da CBAP, defende que inovação e tecnologia sejam as prioridades do governo
Qual é a importância da agricultura de precisão para o agronegócio? A agricultura de precisão é fundamental para o agronegócio brasileiro seguir crescendo em produtividade com o uso de informações concretas. É possível tomar decisões baseados em números e não só em percepções. Como está a adesão dos produtores? Temos produtores com um nível de adoção elevado, mas a taxa varia conforme o produtor e a região agrícola. A estimativa é que apenas 20% dos produtores aderiram à agricultura de precisão. Há alguns anos, a comissão vem tentando que o governo faça um levantamento oficial da adoção, mas não foi possível. Mas temos esperança com a nova ministra. Em vários momentos, ela demonstrou apoio ao uso da tecnologia no agronegócio. O que a CBAP tem feito para estimulara adoção do uso da tecnologia? Tem buscado crédito. Uma das linhas do Plano Safra, o Inova Agro, permite que o produtor pegue financiamento para comprar equipamentos e instalar na máquina que tem. Ele também consegue financiar o consultor que vai ajudá-lo a fazer o mapeamento da agricultura de precisão. A agricultura de precisão ajuda na tomada de decisão? O produtor rural, muitas vezes, toma decisões com menos informações. A agricultura de precisão veio para ajudá-lo a decidir sobre a adubação e aplicação de insumos. Ela permite a tomada de decisão baseada nos mapas e dados da lavoura e não no que é recomendado para a região. Numa fazenda, um talhão pode ser bastante diferente do outro. A agricultura de precisão pode ser um diferencial na hora de contratar um seguro rural? Com certeza. O produtor que consegue demonstrar o seu nível tecnológico, sua maturidade na gestão, sem dúvida representa um risco menor para as seguradoras. Como comissão, já abrimos algumas frentes de conversas e negociação com elas. Como está a conversa da CBAP com as seguradoras? Nosso desafio é convencê-las da validade dos dados de agricultura de precisão. Nas últimas reuniões da comissão, a Federação das Seguradoras participou para entender como funciona a coleta de dados e qual é a confiabilidade. A partir disso, as áreas técnicas das seguradoras vão analisar a viabilidade de seguros diferenciados para quem trabalha com agricultura de precisão.  Fala-se de agricultura digital, mas apenas 20% dos produtores aderiram à agricultura de precisão. Não existe uma definição consensual do que venha a ser a agricultura digital, mas sem dúvida a agricultura de precisão é a base de todas essas técnicas que envolvem usos de ferramentas de informática na agricultura. Nenhuma dessas novas técnicas vai conseguir fazer uma revolução no campo antes de convencer o produtor da importância de se gerir com base em dados. Nenhum produtor vai entregar o controle de sua fazenda para um software, se não confiar que softwares podem ajudá-lo a tomar decisões melhores do que tomaria sozinho. Temos uma diferença na agricultura que é o papel do agricultor. Ele não é o passageiro no processo, é a peça-chave na tomada de decisão. A CBAP tem alguma meta para este ano? Estamos trabalhando na difusão da informação. A CBAP é um órgão consultivo, não tem poder de decisão. A gente tem se colocado à disposição do novo governo para ajudar na definição de políticas públicas que auxiliem na tomada de investimentos em novas técnicas. Temos olhado a reestruturação do Ministério da Agricultura com bastante otimismo. Os primeiros movimentos mostram um espaço maior para inovação, inclusive com uma nova secretaria focada na inovação no agro. Estão confiantes? A expectativa é que o governo priorize temas de inovação e tecnologia. Está em tramitação no Congresso um projeto de lei de apoio à agricultura de precisão. Esperamos apoio do novo governo e temos indícios que deva apoiar, porque a relatora do projeto na Câmara era a atual ministra Tereza Cristina. Medidas que beneficiem e priorizem o agricultor que queira investir em tecnologia são uma das formas de o produtor seguir crescendo em produtividade sem depender exclusivamente do aumento de terras.  

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