Pneus que rendem maiores ganhos na lavoura

30 de agosto de 2018 4 mins. de leitura
A escolha certa ajuda a reduzir a compactação do solo e o consumo de combustível, além de ampliar sua durabilidade
Pneus radiais já são realidade em fazendas de grande porte, principalmente de grãos e cana-de açúcar
Aumentar a produtividade nas lavouras e reduzir custos operacionais é o anseio de todo produtor. Hoje, ele tem a seu dispor um vasto aparato tecnológico composto de sementes, insumos e máquinas inteligentes com sensores e telemetria para auxiliar nesse processo. Muitos agricultores, porém, não se preocupam com os pneus, um investimento relativamente baixo, se comparado a outros, que pode potencializar os ganhos. Prova disso são os números da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip). Segundo a entidade, os pneus diagonais dominam 91% do mercado de máquinas agrícolas, enquanto os radiais, com maior tecnologia, representam apenas 9%. O modelo líder de vendas é usado desde a década de 70. O pneu diagonal é produzido com uma sobreposição de lonas que se trançam formando uma peça única com a mesma resistência tanto na área de contato com o solo quanto nas laterais. Seu principal diferencial é o custo: em média, 40% menor que o do radial. Em contrapartida, por ter estrutura mais rígida, ele não absorve bem o impacto do solo, o que aumenta o risco de deformação e o desconforto do operador. Já os radiais têm melhor desempenho devido à estrutura da carcaça, dividida em duas partes: as laterais e a banda de rodagem. Essa particularidade oferece maior flexibilidade, resistência (inclusive a furos) e melhor distribuição do peso da carga. O resultado é a maior capacidade de absorção das irregularidades do solo, o que traz mais comodidade ao operador, maior durabilidade do produto, além da redução do custo operacional. A forma como a carcaça dos pneus radiais é construída faz com que o produto não concentre o peso em um único ponto. É como se o pneu “pisasse” melhor o terreno, o que resulta em menor compactação do solo e, consequentemente, maior produtividade na lavoura. Um estudo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em parceria com a Prometeon do Brasil, empresa que produz os pneus agrícolas da Pirelli, comprovou a vantagem. “Os radiais têm uma área de contato com o solo cerca de 22% maior do que os convencionais, o que proporciona melhor distribuição de carga”, explica Ana Claudia Pugina, diretora de Marketing da Prometeon Américas. Entre as vantagens do modelo radial está a economia de combustível. “A redução é de até 10% em relação ao diagonal devido à melhor eficiência de tração e menor patinagem”, diz Oduvaldo Viana, diretor de Marketing da Bridgestone, detentora da marca Firestone. O tempo mais prolongado de uso é outro ponto positivo. “A durabilidade chega ao dobro de horas trabalhadas em relação aos diagonais”, complementa. Há outra diferença: os radiais não têm câmara, portanto não furam com facilidade. Para expor esses benefícios, a Firestone organizou dois dias de demonstração em campo para fazendeiros de Mato Grosso e do Rio Grande do Sul. A fabricante utilizou tratores idênticos, com os mesmos implementos agrícolas e pneus da mesma medida, mas um estava com radiais e o outro, com diagonais. “Após a verificação in loco do desempenho, diversos participantes encomendaram tratores novos com pneus radiais ou trocaram os diagonais dos maquinários que tinham”, diz o diretor da Bridgestone. Mas é importante estar atento à calibragem para garantir as vantagens. “A pressão incorreta contribui para maior desgaste da máquina, o que aumenta o consumo de combustível e a emissão de CO2”, explica Ana Claudia, da Prometeon. No Brasil, os radiais são muito usados em lavouras de grande porte (como a de cana-de-açúcar, grãos e algodão) devido à menor compactação do solo e baixo custo de manutenção. Agora, as fabricantes investem em novas gerações de produtos voltados a máquinas de média e pequena potência direcionadas às propriedades menores.  

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