Piracicaba está se tornando ‘O Vale do agronegócio’ brasileiro

18 de julho de 2019 3 mins. de leitura
Apoiado por universidade e grandes empresas, ecossistema de inovação da cidade concentra 40% das startups agro do País
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz é referência no segmento (Foto: Matheus Acorsi)

Quando um viajante se aproxima de Piracicaba pela rodovia SP-308, é fácil entender a fama da cidade: as plantações de cana a perder de vista e o nome da estrada – Rodovia do Açúcar – explicam porque a região é um dos polos sucroalcooleiros do País.

Quem se dedicar a olhar mais atentamente para a cidade vai encontrar, em meio ao verde, porém, prédios espaçosos, coloridos e com gente disposta a inovar. Hoje, Piracicaba concentra 120 das 300 startups brasileiras dedicadas ao agronegócio (ou agtechs), segundo dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

Juntas, essas empresas estão ajudando a mudar um dos setores mais importantes da economia do País – e também exportando suas soluções. Há até quem já chame a região de “Vale do Agronegócio” ou “AgTech Valley”, em referência ao Vale do Silício californiano.


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Além disso, a profusão de startups que surgem no local atrai a atenção de empresas tradicionais, como a Raízen e a Coplacana, além de novatas do setor fundadas em outras regiões.

Hoje, algumas das soluções desenvolvidas em Piracicaba já podem ser consideradas triviais para os iniciados no campo. São ideias como monitoramento de plantações via satélite, uso de sensores para irrigação inteligente ou de drones para a disseminação de pesticidas.

Outras, no entanto, começam a mostrar diversificação na cena de startups piracicabana, indo além do aumento da produtividade de plantações.

Startups voltadas ao mundo animal

É o caso da @Tech, dona de uma solução que ajuda pecuaristas a identificar o melhor momento para vender seus rebanhos. A ferramenta da startup – chamada de BeefTrader – cruza dados dos animais, como peso e dieta, com informações do mercado e até da localização da fazenda. Assim, o sistema pode calcular não só o preço mais eficiente para a venda, mas também o lucro da operação.

Piracicaba concentra 120 das 300 startups brasileiras dedicadas ao agronegócio, segundo dados da ABStartups

Criada em 2015 por Tiago Zanett Albertini, doutor em Nutrição Animal, a empresa recebeu em maio um aporte da fabricante de eletrônicos Positivo. Com os recursos, começou a internacionalização, de olho em mercados como EUA, Austrália e Argentina.

Antes, teve aportes da Coplacana, uma das principais cooperativas da região, e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Como modelo de negócios, a @Tech cobra dos fazendeiros um valor diário para monitorar cada cabeça de gado.

Além de vender seu peixe – ou melhor, boi –, a @Tech é a idealizadora do AnimalsHub, centro de inovação para startups de pecuária. Até o fim do ano, dez empresas selecionadas em um edital ocuparão o espaço de 450 m².

A meta é ter startups que se dediquem à toda a cadeia da pecuária – do dia a dia na fazenda à comercialização, passando por certificações e padrões de consumo. “A pecuária está entrando em uma nova era”, diz Pedro Chamochumbi, agente de inovação do AnimalsHub. “Queremos integrar tecnologias e oferecer um combo tecnológico ideal para esse momento.”  Leia a matéria completa de Paulo Beraldo para  O Estado de S. Paulo.

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