Fórmula 1 na lavoura

26 de setembro de 2018 4 mins. de leitura
Fabricantes e redes de concessionárias de máquinas agrícolas investem em telemetria para oferecer aos clientes melhores resultados e mais eficiência
Em uma corrida de Fórmula 1, dos boxes, os engenheiros acompanham cada movimento do piloto como ângulo do volante, aceleração e frenagem. Nenhuma informação fica de fora do alcance desses profissionais graças à telemetria, tecnologia que permite o monitoramento remoto tanto de carros de corrida quanto de máquinas agrícolas. Isso é possível devido a módulos eletrônicos e sensores espalhados pelo maquinário que colhem diversas informações que são enviadas via frequência (rádio, celular ou satélite) para uma central de controle, que transforma estes números e códigos em informações gráficas que podem ser facilmente compreendidas. A oferta de motores que utilizam esse tipo gerenciamento eletrônico cresceu com a implantação do Proconve Mar-1, um programa de controle de emissão de poluentes. “Com o avanço da eletrônica nos maquinários, hoje há bem mais informações a serem transmitidas”, diz Dener Jaime, coordenador de marketing do produto Fuse da AGCO. As máquinas de grande porte geralmente vêm com telemetria de fábrica. Mas também é possível instalar kits com sensores em máquinas de baixa potência. É o caso da sul-coreana LS Tractor, que, em parceria com a argentina Colven, fornece o sistema de proteção do motor e telemetria. Os tratores acima de 125 cavalos-vapor (cv) vêm com a tecnologia de fábrica, mas o cliente pode colocar como opcional nos outros modelos da marca, que trabalha com tratores de 40 cv a 145 cv. A ferramenta é composta de três pilares. “A telemetria consiste no cliente, na concessionária e na fábrica saberem, em tempo real, o que acontece com a máquina”, explica Jaime. Esse gerenciamento conjunto evita problemas como, por exemplo, o abuso de velocidade. “Se um plantio foi programado para ser feito a 5 km/h e o operador sobe a velocidade para 7 km/h, por meio da telemetria o proprietário ou o gestor é avisado”, acrescenta. Conectividade rural A telemetria é ofertada como ferramenta de controle e gera dois tipos de dados. O primeiro se refere às informações agronômicas como o rendimento da máquina e mapas de colheita, que ajudam o agrônomo na tomada de decisões. Já o segundo são dados sobre o funcionamento do maquinário, como alerta de limite de carga, rotação e velocidade do motor. O acompanhamento desses aspectos permite planejar o momento ideal de parar a frota para a manutenção. De forma geral, estes serviços são oferecidos pelos fabricantes por intermédio das concessionárias que possuem diversos planos de assistência e equipes dedicadas a monitorar o maquinário do cliente. O mais completo acompanha a operação, identifica quando a máquina não está funcionando como deveria e alerta o cliente sobre a necessidade de manutenção para evitar um problema maior no futuro. Isso aumenta a disponibilidade do maquinário, uma vez que corrige falhas antes que elas se tornem um problema maior que exija parar a máquina para o conserto. E tempo faz toda a diferença para o produtor. “Para cada dia que o produtor antecipa o plantio da safrinha de milho, ele ganha uma saca por hectare”, aponta Maurício Menezes, gerente de marketing da John Deere. No entanto, há um problema: o uso da telemetria esbarra na falta de conectividade no campo. Só para se ter uma ideia, no Rio Grande do Sul, 41% das fazendas têm acesso à internet restrito à sede. Essa realidade levou a empresa a lançar na Agrishow deste ano a conectividade rural, uma ferramenta que estende a internet por toda propriedade, permitindo a transmissão de dados em tempo real. “O sistema cria uma cobertura em toda a área do cliente. É como se tivesse uma grande rede wi-fi na propriedade. Além da máquina fazer o uso da internet, ela se torna um hub para outras aplicações, como para conectar o tablete ou o celular”, informa Menezes.  

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