Os robôs da Fibria

31 de outubro de 2016 4 mins. de leitura
Inovação foi desenvolvida para atender a demanda de mudas de eucalipto da unidade de Três Lagoas (MS) No final de 2015, a Fibria anunciou um investimento na ampliação da unidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, no valor de 8,7 bilhões de reais. Trata-se do projeto Horizonte 2, a construção de uma nova […]

Inovação foi desenvolvida para atender a demanda de mudas de eucalipto da unidade de Três Lagoas (MS)

No final de 2015, a Fibria anunciou um investimento na ampliação da unidade de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, no valor de 8,7 bilhões de reais. Trata-se do projeto Horizonte 2, a construção de uma nova linha de produção, que aumentará a capacidade anual de 5,3 milhões de toneladas de celulose para 7,2 milhões. Para dar conta deste salto, em 2017 a Fibria irá plantar aproximadamente 75 mil hectares de eucalipto, o equivalente a 105 milhões de árvores. “É muita coisa. Há algum tempo, começamos a ver a necessidade de fazer um plantio diferente”, diz Aires Galhardo, diretor de operações da companhia. Esta etapa hoje é feita manualmente, o solo é preparado e, na sequência, um funcionário vem carregando os tubetes com as mudas. Ele retira o tubete e coloca a mudinha numa matraca, plantadeira manual, e segue plantando uma a uma. “É praticamente impossível. A necessidade de contingente é muito grande e está cada vez mais acirrada a busca de mão-de-obra para área rural”, diz o diretor. Este cenário levou a Fibria a se debruçar em buscas de soluções mais eficazes. As pesquisas começaram há três anos com uma equipe que foi para Holanda conferir o que que há de mais avançado sobre viveiros de plantas no mundo. Lá, robôs identificam a flor, selecionam o melhor galho dela para servir de muda e realizam o plantio da muda. A decisão foi adaptar a tecnologia para o eucalipto. O responsável pela implantação do novo viveiro é o consórcio holandês Hortikey, formado pelas empresas Agri-tech Aris, Berg Hortimotive, Bosman Van Zaal e Sistemas de Flier, além da brasileira Methodo Ferramentaria, que fornece suporte para normas locais, regras e regulamentos das leis brasileiras e a Açopema, responsável pelo fornecimento das estufas do projeto,cujo investimento está dentro dos 8,7 bilhões previstos para ampliação da Fibria. O valor exato não foi divulgado. “Mas posso dizer que os custos são tão competitivos quanto os dos viveiros convencionais”, diz Galhardo. O novo viveiro está em instalação desde março. “Toda a área de jardim clonal está pronta e as parte onde vão circular os robôs também. O maquinário chegou ao Brasil e está em processo de desembaraço aduaneiro e o galpão de máquinas está bem adiantado”, explica o diretor. O viveiro terá capacidade para 43 milhões de mudas por ano, 30 milhões a mais que o antigo. Mesmo assim, a Fibria precisará comprar mudas de terceiros. A produção por homem ano, que era de 140 mil mudas, saltará para mais de 300 mil. “É uma inovação para o setor a mecanização da silvicultura e estamos seguros, com base nos testes, que será um sucesso e se tornará uma tendência para todas as empresas”, acrescenta. Mas algumas mudanças precisaram ser feitas para viabilizar o projeto. Uma delas foi a substituição dos tubetes de plásticos por tubetes biodegradáveis. “A gente passou a produzir a planta num substrato biodegradável, que dá mais firmeza à muda e possibilita o plantio de forma automatizada”, explica Aires. Por sinal, o plantio mecanizado é uma nova etapa e, para isso, a Fibria assinou contratos com empresas internacionais para o desenvolvimento da máquina.

Homem x máquina

O novo viveiro demandará 140 pessoas, 50 a mais do que emprega o atual, por isso o diretor afirma que o projeto não tem gerado polêmica pelo fato dos robôs substituírem colaboradores. “A gente vai poder contratar e remunerar pessoas numa condição de escolaridade e formação melhor, porque a automação exige isso”, diz Galhardo. Segundo ele, a Fibria avalia caso a caso. “Recentemente fizemos um viveiro na Bahia, na região de Helvécia. Podíamos ter aplicado esta tecnologia, mas resolvemos manter a manual para gerar um maior número de empregos para a região”, diz. “Três Lagoas é uma das cidades que mais cresce no País e estamos com dificuldade de contratar mão-de-obra rural”, finaliza.    

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