Total de produtores afetados por Brumadinho não é conhecido
O número dos produtores atingidos direta e indiretamente pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho ainda não é conhecido. De acordo com a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) de Minas Gerais, o que existe até o momento é um levantamento preliminar, feito em caráter emergencial, para atender situações críticas: reestabelecer água e energia elétrica, dar acesso às propriedades que ficaram ilhadas, além de fornecer alimentos e medicamentos a quem precisa. Um mês depois, a tragédia da Vale contabiliza 176 mortos e 134 desaparecidos.
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Segundo a comunicação da Seapa, os dados preliminares não foram divulgados à imprensa, porque não refletem a totalidade de produtores afetados nos municípios pelos quais passa o rio Paraopeba, que recebeu os rejeitos de minérios após o colapso da barragem. “A precaução é para não soltar nenhum dado que possa prejudicar o produtor no futuro”, informou a assessoria de imprensa da Seapa. A previsão do órgão é que serão necessários – no mínimo – seis meses para chegar ao levantamento final, com o número de atingidos, estimativa de prejuízo e impactos causados. Neste momento, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) iniciou um trabalho em três frentes: bovinos, peixes e solos. O objetivo é monitorar os animais e terrenos expostos ao rejeito da lama.
EFEITO CASCATA
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) vem monitorando a pluma de sedimentos no rio Paraopeba desde o rompimento da barragem. No dia 25 de fevereiro, o boletim apontou elevados índices de turbidez próximo à Hidrelétrica de Retiro Baixo, que fica no trecho do rio situado no município de Pompéu (MG), a 271 km de distância do rompimento da barragem.
O grande temor é que a lama chegue ao rio São Francisco, cujo vale é um dos principais polos produtores de tilápia em tanques-rede do Brasil. Só a região do lago de Três Marias tem uma produção anual de mais de 14 mil toneladas de pescado. O fato é que agricultores, pecuaristas e piscicultores a quilômetros de distância já sofrem as consequências. “Tivemos notícias de queda nas vendas de um produtor de tilápias, em Três Marias, que exporta para a China. E a pluma nem chegou lá ainda”, diz uma fonte que pediu para não ser identificada.
Agricultores e pecuaristas dos municípios ao redor do rio Paraopeba também estão com dificuldade de vender a produção. O motivo é o receio dos compradores de que as verduras e os bois tenham recebido água do rio e estejam contaminados com metais pesados. Isso tem afetado todos os produtores da região, inclusive aqueles que usam outras fontes de captação de água em seu estabelecimento.