Melhorar a comunicação é o grande desafio do agro brasileiro

6 de agosto de 2019 5 mins. de leitura
Essa foi a constatação das autoridades presentes no 18º Congresso Brasileiro do Agronegócio; percepção ruim do setor é um entrave nas relações comerciais
Discurso de Rodrigo Garcia, representando o governador de São Paulo, João Doria (Foto:Gerardo Lazzari)

O 18º Congresso Brasileiro do Agronegócio – uma realização conjunta da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e da Brasil, Bolsa, Balcão (B3) –, que aconteceu nesta segunda-feira, 6 de agosto, na capital paulista, teve como tema “Agro: momento decisivo”. Segundo Marcello Brito, presidente do Conselho Diretor da Abag, “o mundo vive um momento ímpar com uma revolução em andamento, de hábitos e costumes, dessa nova geração que vem para tomar nosso lugar”. No momento atual, o consumidor é cada vez mais protagonista.

Se por um lado a produtividade no campo brasileiro cresceu 250% nos últimos 40 anos, por outro, o crescimento do Brasil, nesse mesmo período, foi muito aquém do desenvolvimento do agronegócio. “O momento é decisivo para que a gente reencontre no conjunto dos setores no Brasil um desenvolvimento exponencial”, diz Britto.

Outro grande desafio é a construção de uma comunicação integrada pelos protagonistas do agro nacional para que a sociedade brasileira e mundial conheça o bom trabalho que o setor vem fazendo. Um monitoramento feito pela Abag no Twitter, de janeiro a junho deste ano, em língua inglesa, constatou detrações ao agro nacional em 23 países. “Foram 103 mil postagens que reverberam em 145 milhões de pessoas”, diz Britto.


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Para o presidente do Conselho Diretor da Abag, é preciso mostrar a realidade para descolar a percepção negativa que as pessoas têm do agronegócio brasileiro. O deputado federal, Alceu Moreira, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), corroborou a fala de Britto. “O caminho da lavoura que não caminhamos é o da comunicação e imagem”, comentou o parlamentar.

No entanto, segundo Moreira, o Brasil já fez a lição de casa e logo apresentará um Plano de Comunicação e Imagem Internacional. “Será um plano por região do mundo, por países e por setor. Vamos esclarecer o que é fake e o que é verdade”, disse o presidente FPA. Neste sentido, a ministra Tereza Cristina, enfatizou que “o Ministério da Agricultura vem trabalhando para que o tema ambiental abra e não reduza mercados para o Brasil”.

Após os discursos de abertura, o chinês Jingtao (Johnny) Chi, chairman da Cofco International, maior empresa de alimentos da China, fez a palestra inaugural do evento, em que abordou a parceria entre o mercado chinês e a produção sustentável no Brasil.  O executivo frisou que o crescimento populacional mundial – a população global é estimada em 9 bilhões de pessoas em 2050 – exige cada vez mais alimentos, energia e água.

Johnny Chi lembrou fala do presidente chinês, Xi Jinping, que recentemente se comprometeu a direcionar as políticas públicas do gigante asiático para uma economia verde. A própria Cofco está com uma série de ações vinculadas à sustentabilidade e quer, em curto prazo, ter o controle de toda cadeia, ou seja, a rastreabilidade dos produtos originados.

O chairman destacou ainda que a China está disposta a ajudar o Brasil na transição que o País se encontra para uma agricultura cada vez mais sustentável. Segundo ele, “a Cofco vai comprar um volume 5% maior de soja brasileira a cada ano nos próximos cinco anos”.

O executivo enumerou alguns pontos que, ao seu ver, vão alavancar a dita “economia verde”. O primeiro está relacionado ao mercado financeiro, que nos dois últimos anos destinou mais de US$ 30 trilhões para financiamentos atrelados a parâmetros socioambientais, um aumento de 34%. Inclusive, no mês passado, a Cofco levantou US$ 2,1 bilhões de empréstimo vinculado à sustentabilidade junto a um consórcio de 20 bancos, entre eles Rabobank e ABN AMRO e BBVA.

“Mais de US$ 30 trilhões foram destinados a financiamentos atrelados a parâmetros sociambientais nos últimos dois anos”, diz Johnny Chi

O segundo ponto trazido à tona pelo chairman foi o potencial do mercado de crédito de carbono. Embora, no momento, “o mecanismo não esteja criando benefícios diretos para quem está reflorestando”.

O terceiro é o ecossistema que a Cofco vem criando, com parceiros na indústria de insumos, seguros e instituições financeiras para oferecer aos agricultores brasileiros as ferramentas necessárias e incentivar o desenvolvimento de uma agricultura mais eficiente.

O quarto e último aspecto é a participação ativa da Cofco nos programas de energia renovável e biocombustíveis do Brasil por meio de ativos, como açúcar e grãos. “Esperamos expandir ainda mais esses projetos para apoiar os esforços do governo”, finaliza o chairman.

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