Exportações de suínos e aves para China devem crescer

21 de agosto de 2019 3 mins. de leitura
Esta é a expectativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em função do impacto da peste suína africana, doença que levou os chineses a abaterem boa parte de seu plantel de suínos
Abate de suínos na China abre espaço para as carnes brasileiras

O aumento das exportações de carne de frango e suína nos sete primeiros meses de 2019 representa apenas o começo do impacto da peste suína africana no mercado global de proteína animal, afirmou há pouco o diretor-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin.

“A China é o principal driver, mas esse processo é em toda a Ásia. Pode causar crise de alimentação”, afirmou em coletiva à imprensa. Ele estimou que nos próximos meses, quando a temperatura na China começar a ficar mais fria e o consumo local aumentar, o efeito nos preços fique maior, até porque haverá menos reposição de animais, já que o país vem fazendo abates sanitários adiantados.

Quanto a habilitações de novas plantas para a China, os executivos da ABPA afirmaram que isso depende do governo do gigante asiático, mas que o Brasil está preparado para ampliar o número de unidades com permissão de exportar para lá. “É a China que decide quando irá habilitar. Mas nós dizemos que temos condições, e eles conhecem nossas empresas. BRF, JBS e Aurora, por exemplo, já têm plantas habilitadas para lá.”


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O presidente da ABPA, Francisco Turra, especulou que possivelmente as habilitações estejam demorando mais do que se esperava porque os chineses não querem demonstrar vulnerabilidade. “O chinês é muito inteligente comercialmente. Se eles habilitarem dezenas de plantas repentinamente, é possível que o preço para eles aumente em seguida. Então estão demonstrando segurança, dizendo: ‘não estou precisando tanto assim’. Não querem se entregar para que o mundo os explore”.

Os frigoríficos brasileiros que exportam para a China podem direcionar toda a produção de carnes para lá, hoje parte fica no mercado interno

Durante a entrevista, os executivos da ABPA listaram formas de aumento de exportação para a China sem que novas plantas sejam, necessariamente, habilitadas. As unidades brasileiras que já têm exportação para lá podem direcionar toda a sua produção para o gigante asiático – hoje, parte dela vai para outros países e até para o mercado interno.

Além disso, disseram que a China pode querer importar partes dos animais que hoje o país não consome. “Daqui a pouco, a China pode querer coxa com sobrecoxa, ou peito de frango, produtos que não são de seus hábitos”, disse Santin. Entretanto, ele destacou que os preços da proteína no mercado interno, como consequência, podem aumentar: “Vai haver disputa pelo produto. Hoje, mercado interno e externo já brigam por mercadoria”.

Santin destacou que a ABPA trabalha para estreitar as relações com os chineses, já contando com um representante fluente em mandarim no país. Ele também elogiou as atitudes nesse sentido da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que fez uma missão ao país acompanhada por empresários e pretende voltar à região.

Augusto Decker – Broadcast Agro

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