Brasil e EUA estão mais próximos de um acordo comercial?

31 de julho de 2019 3 mins. de leitura
Encontro entre secretário americano e equipe econômica caminha para isso; reunião deve abordar aquisição de etanol pelos EUA, em troca de compra de trigo pelo Brasil
Reunião deve abordar a compra de açúcar e etanol pelos EUA, em troca de aquisição de trigo pelo Brasil

A visita do secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, ao Brasil nesta semana deve acelerar as conversas sobre um incremento no comércio entre os dois países. Na quarta-feira, 31, Ross será recebido pelo presidente Jair Bolsonaro e pela equipe econômica.

Um dos assuntos na pauta, segundo fonte do governo, é o aumento, por parte dos americanos, do volume nas aquisições de açúcar e etanol brasileiros. Em troca, o Brasil incrementaria as compras de trigo. A ideia é tentar anunciar o acordo em outubro, durante o Brasil Investment Forum.

O objetivo é aprofundar a conversa de forma, primeiro, a garantir que acordos já vigentes sobre o assunto com Estados americanos, mas que não estão sendo aplicados, sejam efetivamente implementados. “Mas vamos ter conversas sobre aumento de volume e cronograma”, apontou a fonte.


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Nesta terça-feira, em encontro com empresários na Câmara Americana de Comércio (Amcham), o secretário americano de Comércio recebeu uma lista de propostas para melhorar a relação comercial entre os dois países.

Entre elas está um acordo de livre-comércio gradual – inicialmente sem a discussão de tarifas –, um entendimento para pôr fim à dupla tributação de lucros, dividendos e royalties e um acordo de investimentos.

A Amcham  pede continuidade do apoio americano à admissão do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
Os empresários – a Amcham representa cerca de 5 mil empresas – pedem proteção adicional aos fluxos de investimentos entre os dois países. Além disso, querem a participação do Brasil no programa Global Entry, que oferece facilidades para a entrada de executivos nos EUA.

Na lista estão ainda medidas de facilitação de comércio para reduzir burocracias, custos e prazos no comércio bilateral. Há também propostas de cooperação regulatória, sobretudo em relação aos produtos com maior valor agregado; a negociação de regras comuns sobre barreiras não tarifárias; e a conversão do projeto piloto sobre análise acelerada de patentes em acordo permanente.

Secretário de Comércio do governo Trump, Wilbur Ross Foto: Joshua Roberts/ REUTERS

Ressalvas

A Amcham também pede continuidade do apoio americano à admissão do Brasil na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). E uma agenda bilateral em temas como comércio, investimento, defesa, segurança, energia, agronegócio e infraestrutura.

O governo brasileiro, no entanto, vê com ressalvas o pedido da Amcham para que seja tratado primeiro um acordo sobre temas menores, sem mudanças tarifárias, para que o assunto não tenha de passar pelo Mercosul.

A equipe técnica do Brasil acredita que, após fechar um acordo com a União Europeia, o bloco está preparado para uma discussão desse porte. E acredita que há um facilitador na recente aproximação entre Donald Trump e Bolsonaro e entre o chefe do Executivo brasileiro e o presidente argentino, Mauricio Macri.

Bárbara Nascimento e Monique Heemann, O Estado de S. Paulo

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