Agro impulsiona vendas da indústria

30 de janeiro de 2019 4 mins. de leitura
Entidades do mercado de caminhões e de máquinas e implementos agrícolas preveem crescimento na comercialização e pleiteiam novo aporte no programa de renovação de frota
Puxado pelos setores de grãos, cana-de-açúcar e exportação de proteínas animais, o mercado de caminhões e máquinas agrícolas está se recuperando das baixas vendas computadas desde 2015. O segmento cresce a passos largos, gerando empregos e movimentando a cadeia produtiva. Para Sérgio Zonta, vice-presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), a previsão para 2019 é boa. “O setor espera um crescimento de 15,4% para caminhões e 8,8% para implementos rodoviários”, diz. Segundo o executivo, a venda de caminhões é o reflexo da economia. “Se o País cresce, as vendas crescem; se a economia está em crise, o setor é o primeiro a sentir, e isso gera um efeito cascata nos fornecedores de peças”, acrescenta. No ano passado, o agronegócio foi um importante catalisador das comercializações nesse mercado, sobretudo dos caminhões extrapesados que puxam as grandes safras, em especial a de grãos. Isso em função do tabelamento de frete, que levou muitos fazendeiros a adquirir frota própria. “Em 2018, durante a greve [dos caminhoneiros], os produtores ficaram nas mãos dos transportadores. Com a lei do frete, o custo aumentou muito, tornando a operação quase inviável. Com frota própria, o agricultor ameniza o problema, além de ter o controle total da operação”, diz Zonta. A busca por caminhões por parte dos empresários rurais repercutiu nos resultados de 2018. O mercado cresceu 46,79% frente a 2017, fechando o ano com 76.431 unidades vendidas. No entanto, Zonta frisa que há muito espaço para crescer, uma vez que a quantidade de caminhões comercializada está muito próxima dos números de 2010. Com a queda na inadimplência, os bancos de mercado e de montadoras têm tornado o acesso ao crédito mais fácil e barato, com taxas mais atraentes que as da linha de Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame) do BNDES, que impulsionou as vendas até 2014 com taxas subsidiadas pelo governo. Hoje, é possível comprar um caminhão no Crédito Direto ao Consumidor (CDC) com taxa de 0,99% ao mês, enquanto a taxa do Finame gira em torno de 1,14% ao mês. APORTE AO MODERFROTA O Brasil tem cerca de 850 empresas de máquinas e implementos agrícolas. A previsão de vendas do segmento para 2019 é boa. “Se as condições se mantiverem como estão hoje, sem problemas de clima, a indústria prevê um crescimento de 15%, o mesmo percentual de 2018, que foi excelente”, diz João Carlos Marchesan, presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). No entanto, para que esses números se concretizem, o setor está reivindicando um novo aporte do governo ao Programa de Modernização de Frota (Moderfrota), uma linha de financiamento do Plano Safra. “Nós tínhamos R$ 11,5 bilhões disponíveis para o Moderfrota no Plano Safra anterior. No Plano Safra em vigor, que começou em julho do ano passado e vai até final de junho deste ano, foram liberados R$ 8,9 bilhões, mas o mercado cresceu”, diz Marchesan. “De janeiro a dezembro de 2018, comparado ao mesmo período do ano anterior, o aumento de demanda foi de 53%”, acrescenta. De acordo com Marcelo Nogueira, vice-presidente da Fenabrave, os recursos foram insuficientes para a demanda de máquinas agrícolas, em especial as de alto valor. “Estamos pleiteando junto ao governo R$ 3 bilhões para completar o ano safra”, diz. O complemento é visto como essencial para não prejudicar as vendas das indústrias nas feiras agrícolas, que iniciam no próximo mês. “Se os recursos não vierem, a saúde das empresas será comprometida, porque ficarãocom estoques excessivos”, finaliza Marchesan.

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