Interessado na produção de leite? Veja mitos e verdades sobre a atividade

20 de agosto de 2019 6 mins. de leitura
O processo produtivo de leite é cheio de detalhes que podem favorecer o produtor

A produção de leite, para muitos interessados no ramo, é um mistério. Os diversos processos, as ferramentas, condições de armazenamento e os padrões de qualidade podem parecer confusos para quem está querendo expandir ou conhecer a atividade.

Por esse motivo, algumas inverdades podem ter sido compartilhadas entre os inseridos nesse meio e possivelmente chegaram ao conhecimento do consumidor, mais atento do que nunca em relação à qualidade dos produtos que leva para sua geladeira.

Contribuindo para as dúvidas, normas recém-vigoradas pelo governo brasileiro surpreenderam fazendeiros do ramo leiteiro, que agora devem se adequar aos padrões para não terem sua produção interrompida. Então, para esclarecer alguns pontos do processo produtivo e dos novos padrões, trouxemos alguns mitos e algumas verdades sobre as etapas que antecedem a chegada dessa bebida aos copos das casas brasileiras.

Verdade: a água é crucial para a produção de um bom leite

A água é de extrema importância para as vacas leiteiras. Estima-se que vacas de alta produção consumam até 150 litros por dia, enquanto a limpeza das ferramentas e instalações de um sistema de 3 ordenhas diárias usa, em média, 30 litros de água por animal.

Não só a abundância desse recurso é imprescindível como também sua qualidade. As características da fonte precisam ser avaliadas antes de se adotar uma nova fonte, independentemente da finalidade do líquido. A dureza da água, o pH e a alcalinidade precisam ser estudados, visto que essas propriedades interferem diretamente na eficiência da limpeza de ferramentas e recipientes.

Além disso, como a água entra em contato direto com o leite, ela deve ser devidamente tratada e apropriada até mesmo para o consumo humano. Portanto, fontes com risco de contaminação devem ser logo dispensadas.

Verdade: animais confortáveis e bem cuidados geram economia

Não há dúvidas de que vacas leiteiras saudáveis produzem melhor leite. Tratá-las bem nos momentos que antecedem a ordenha pode facilitar o processo produtivo e ainda poupar a aplicação de hormônios.

Os cuidados durante a condução desses animais e as boas condições da sala de espera são determinantes para a qualidade do leite e para a produtividade. Estressar a vaca nesse momento provoca a liberação de adrenalina, dificultando a liberação do leite e obrigando a aplicação de ocitocina, muitas vezes usada indiscriminadamente.

Recorrer ao uso do hormônio com frequência pode implicar outros efeitos, como a proliferação de doenças no rebanho, a diminuição da qualidade do leite e ainda mais gastos para a compra do medicamento.

Mito: amostras devem ser coletadas diretamente dos tetos das vacas

Células somáticas (CCS) são um conjunto de células encontradas no leite, e sua concentração é um dos maiores termômetros para a avaliação da saúde do gado leiteiro. Basicamente, quando acima do padrão, o número pode indicar que o animal está com mastite ou há a presença de microrganismos no líquido.

Assegurar a vitalidade da vaca antes de distribuir seu leite é fundamental, e um dos métodos de exame mais eficientes é o cálculo de células somáticas. Para a avaliação, amostras do líquido devem separadas e estudadas em laboratório. Esse processo, no entanto, se feito na primeira ordenha e retirado diretamente dos tetos do animal, resulta em números indesejados e que não condizem com a qualidade real do leite. Estima-se que nessa fase da produção sejam encontradas cinco vezes mais células somáticas do que em amostras devidamente retiradas; portanto, a coleta deve ser feita após a ordenha e observando a produção de cada animal.

Mito: o calor não interfere na produtividade

É comum, ao passar por fazendas que adotam a criação em pasto, encontrar vacas reunidas debaixo de uma árvore, principalmente em dias mais quentes. Tal hábito, obviamente, é uma tentativa do gado de amenizar o calor e se manter confortável, mas você sabia que isso pode interferir na produção de leite?

Altas temperaturas podem diminuir o apetite das vacas, o que acaba empobrecendo o leite e sua produção. Recomenda-se que as produtoras tenham cerca de 8 horas a 10 horas de descanso diárias em locais confortáveis, frescos e secos.

Submeter o gado a desconforto e estresse diminui o fluxo sanguíneo nas glândulas mamárias, o que impacta a produção de leite. Além disso, pode incidir no aumento de células somáticas e problemas de casco.

Por isso, é importante proporcionar boas condições para os animais, até mesmo com sombras artificiais — nesse caso, deve-se prestar atenção na orientação das instalações para que haja deslocamento da sombra e prevenção da formação de barro.

Verdade: doenças são mais frequentes no período de transição

Quando o organismo das vacas leiteiras se volta para a produção de leite, o fazendeiro precisa ser extremamente cuidadoso com a saúde dos animais. A enorme demanda energética nesses dias fragiliza o corpo e pode resultar em doenças metabólicas capazes de prejudicar os sistemas produtivo, reprodutivo e até sua sanidade.

Portanto, o treinamento adequado para o diagnóstico de doenças é crucial para lidar com esse período. Além disso, é igualmente importante registrar as ocorrências de doenças e estudar suas causas para avaliar as condições de saúde do rebanho.

Mito: o produtor que não se adequar às normas recentemente estabelecidas será multado

As novas regras ditadas pelo Ministério da Agricultura, vigoradas em 30 de junho, assustaram grande parte dos produtores de leite. As medidas começam com a etapa produtiva, indo dos programas de autocontrole (PAC) e das condições do transporte a granel até a qualidade do leite — este com análises mensais.

O que ainda cria certa confusão é a penalidade dada ao fazendeiro quando este não estiver de acordo com as novas normas. Felizmente, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) esclarece que não há previsão legal para autuação e multa; a medida a ser tomada, nesses casos, é a interrupção da coleta de leite até a próxima avaliação.

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Fontes: Embare, Ministério da Agricultura, Milkpoint.

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