A sensibilidade da agricultura em face dos impactos das mudanças climáticas

16 de setembro de 2019 3 mins. de leitura
O aquecimento global gera consequências múltiplas ao planeta, incluindo a redução da resiliência dos agrossistemas

As mudanças climáticas e seus impactos afetam os sistemas ecológicos em uma escala muito ampla. O aquecimento global apresenta consequências que abrangem não somente os meios naturais mas também aqueles dependentes deles, como a subsistência do homem. Nesse cenário, os agrossistemas podem ser altamente influenciados, tornando-se vulneráveis e resultando em um impacto negativo na produção de alimentos.

As mudanças climáticas decorrem principalmente do aquecimento global, com causas humanas, que incluem o aumento da emissão de gases estufa, como o dióxido de carbono, resultado do crescimento industrial. Essas alterações têm sido estudadas desde a metade do século XX na tentativa de entender a contribuição de componentes naturais e antropogênicos nas modificações do clima global e de avaliar os impactos atuais e futuros; muitas delas já foram projetadas e incluem a duplicação da concentração de dióxido de carbono atmosférico e 90% de probabilidade de aumento de 1,5°C a 5°C na temperatura global até 2100.

Consequências atuais e futuras

Avaliações canalizaram esforços na previsão dos efeitos dessas mudanças na agricultura, pois já afetam os agroecossistemas no mundo todo devido aos impactos negativos no crescimento e rendimento das plantas considerando a elevada concentração de CO2 atmosférico e as temperaturas mais altas.

Além disso, a maximização e o melhoramento de monoculturas podem reduzir a diversidade intraespecífica. O declínio da variação genética inibe a adaptação de espécies às mudanças ambientais, resultando em reduções das populações e das culturas a níveis críticos. Culturas que hoje enfrentam reduzida diversidade genética podem sofrer ainda mais com mudanças drásticas.

Alterações nos regimes de precipitação e maiores frequências de eventos extremos, como ciclones, furacões e secas extremas, também apresentam consequências na destruição e redução de culturas. Em 2017, a Secretaria de Agricultura do Distrito Federal estimou um prejuízo de R$ 600 milhões devido a mudanças nos regimes de chuva e na crise hídrica decorrente. Neste ano, os prejuízos na Região Nordeste devido à seca chegam a R$ 3 bilhões.

Mudança climática na agricultura

Um relatório da Embrapa levantou os possíveis impactos futuros das mudanças climáticas na agricultura no Brasil. As avaliações de culturas resultaram em projeções que indicam uma redução média de 30% na produtividade de trigo e 16% de milho, ambas com encurtamento de ciclo de crescimento causado pela compensação no aumento da concentração de dióxido de carbono atmosférico.

Nesse contexto, a agricultura no século XXI tem se tornado um desafio e exige integração ambiental, social e econômica para atender às necessidades das gerações atuais e futuras. Novas políticas devem ser desenvolvidas, e a Embrapa destaca algumas ações que podem ser adotadas no Brasil para o enfrentamento dos impactos do aquecimento na agricultura, tais como a seleção de genótipos mais tolerantes a temperaturas mais altas ou secas, manejo de solos e de ecossistemas, associando atividades em uma mesma área, bem como um manejo integrado de pragas e doenças. As ações mitigadoras devem ser desenvolvidas por profissionais de diversas áreas, como agricultores, climatologistas e formuladores de políticas.

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Fontes: Embrapa, Frontiers.

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