Se o agro fosse uma empresa, seria a segunda maior do mundo; e agora, o que vamos fazer?

27 de julho de 2020 3 mins. de leitura
Tejon faz uma comparação, de acordo com o tamanho, caso o agronegócio brasileiro fosse uma empresa

Por José Luiz Tejon Megido*

O tamanho do agronegócio brasileiro é de 23,6% do PIB, pelos cálculos do Cepea. Mas, para arredondar, vamos falar de cerca de R$ 2 trilhões, que, convertidos a taxa também arredondados de R$ 5/dólar, teríamos uma empresa em torno de US$ 400 bilhões para liderar. Somos a segunda maior empresa do mundo, somente atrás do Walmart, com mais de US$ 500 bilhões…

E você, como diretor dessa megaempresa, precisando crescer nos próximos dez anos e precisando vender para todos os consumidores do planeta, de todos os países, de diferentes culturas, e precisando estabelecer relações comerciais e de confiança com o mundo todo…?

E, ao dirigir essa gigantesca companhia de alimentos, fibras, bioenergia, teria que enfrentar sob fortes pressões de governança, de compliance, de mudanças climáticas, meio ambiente, sustentabilidade, responsabilidade social e diminuir as brutais desigualdades na terra…

A analogia entre administrar e liderar o agronegócio do Brasil que movimenta cerca de US$ 400 bilhões, numa dimensão de gigantescas corporações como Walmart, State Grid, Royal Dutch Shell, Unilever, Nestlé, Coca-Cola, Cargill, etc…

(Getty Images)

Como diretor geral de uma empresa desse porte, você estaria totalmente submetido e obrigado a ser absolutamente legal, sob poderoso compliance, sustentabilidade e julgado e pressionado para ser absolutamente legal e garantir aos seus consumidores finais um compromisso total com segurança da originação e comprometimento com saúde em todos os sentidos…

Dessa forma, agro brasileiro, bem-vindo ao mundo novo a todas as suas exigências…e não dá para reclamar contra ONGs, contra a mídia, contra quem descobre que 2% dos atuais produtores são ilegais, não adianta reclamar contra os outros…

Se fôssemos uma empresa, a segunda maior do planeta, seríamos grandes, muito grandes, precisaríamos ter elevação da moral, do caráter da inteligência e construir a nossa imagem sobre compliance inexorável e erigir a marca Brasil, o agro brasileiro… uma agrossociedade, uma agrocidadania.

Mas imagine ainda… essa sua empresa o agro do Brasil tem o maior ativo do mundo… desejado por todos… os biomas, e a Amazônia… a maior marca do mundo… Jeff Besos com outra companhia a Amazon book fatura o dobro de todo PIB somado dos estados brasileiros da região…

Então, poderemos dobrar o tamanho dessa empresa e ser de longe a maior do mundo… incluindo a bioeconomia…

Então, o que você faria?

Não tem jeito, senhoras e senhores líderes… o poder do incômodo incomoda, mas grandes seres humanos existem para aperfeiçoar as imperfeições…

Temos o maior patrimônio natural do planeta… vale ouro, vale muito mais do que ouro, vale a vida…é um novo agro acima de política, ideologias. É coisa do estado.

Lideranças, assumam o seu papel.

*José Luiz Tejon Megido é doutor em Educação, mestre em Arte, Cultura e Educação pela Universidade Mackenzie; professor de MBA na Audencia Business School, em Nantes, na França; coordenador do Agribusiness Center da FECAP; membro do Conselho da Secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo, e sócio-diretor da Biomarketing

Este conteúdo foi útil para você?

143650cookie-checkSe o agro fosse uma empresa, seria a segunda maior do mundo; e agora, o que vamos fazer?