Sem crédito, vendas de máquinas agrícolas devem cair 5,7%, diz Anfavea

15 de outubro de 2019 3 mins. de leitura
Entidade reviu as projeções, que apontavam uma expectativa de crescimento de 11% neste ano
Escassez de crédito foi um dos fatores que contribuiu para a queda nas vendas de máquinas agrícolas (Getty Images)
O tempo está nublado para o setor de máquinas agrícolas e rodoviárias. Os últimos dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apontam uma queda de vendas de 5,2% em setembro em relação ao mesmo mês de 2018. O tombo é ainda pior no acumulado do ano: uma baixa de 5,7%, com 32,6 mil unidades vendidas. O atual cenário levou a Anfavea a rever as estimativas para 2019. Inicialmente, a entidade trabalhava com uma expectativa de crescimento de 11%. A projeção era comercializar 53 mil unidades este ano. Agora, a previsão é vender 46 mil unidades, uma baixa de 3,8% em relação ao montante comercializado em 2018. Os números frustram o setor, que iniciou o ano animado. De acordo com a Anfavea, nos três primeiros meses deste ano, foram comercializadas 9.295 máquinas, uma alta de 23,5% em relação ao mesmo período do ano anterior.
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“A gente acreditava muito na recuperação do mercado, inclusive depois daqueles dois meses sem financiamento no início do primeiro semestre, porque o preço das commodities estavam bons, e os sinais que vinham da política eram positivos”, diz Rafael Miotto, vice-presidente da New Holland Agriculture para a América Latina. A falta de crédito começou às vésperas da Agrishow, feira que é considerada o termômetro para vendas de máquinas agrícolas no ano, realizada entre os dias de 29 de abril e 3 de maio. Naquela época, o setor de máquinas agrícolas reivindicava mais R$ 3 bilhões ao governo, já que os recursos das duas principais linhas de financiamento, Moderfrota e Inovagro, tinham acabado.
“No Brasil, há um trator para cada 100 hectares. Nos EUA, a relação é de um para cada 30 hectares”, diz Rafael Miotto, vice-presidente da New Holland Agriculture para a América Latina.
A questão foi remediada com uma linha de R$ 500 milhões que o Banco do Brasil disponibilizou para a feira. “Esse recurso foi consumido em uma semana e meia, não deu para cobrir o buraco”, diz Miotto.A escassez de crédito aliada a outros fatores prejudicou o desempenho do setor. “Teve muita oscilação nos preços das commodities, apesar de os preços médios terem sido bons. Além disso, a economia não correspondeu às expectativas, as reformas não aconteceram na velocidade que estava previsto”, diz o executivo. No caso da New Holland, a marca trabalha com dois cenários para 2019: no melhor, as vendas serão iguais ao ano passado; no pior, pode haver uma queda de até 5%.

Mercado a ser explorado

No país, a mecanização tem muito espaço para crescer. “No Brasil, há um trator para cada 100 hectares. Nos EUA, a relação é de um para 30 hectares e, na Europa, um para cada 20 hectares. Em colheitadeira, temos uma para 700 hectares enquanto eles têm uma para cada 200 hectares”, finaliza o vice-presidente da New Holland Agriculture para a América Latina. Por Lívia Andrade

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